Quais são as boas práticas segundo a RICS e a SCSI?
- GESTURBE

- 7 de nov.
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O que são as normas RICS e SCSI e porque são importantes?
As normas RICS (Royal Institution of Chartered Surveyors) e SCSI (Society of Chartered Surveyors Ireland) são hoje as principais referências internacionais para a execução de Technical Due Diligence (TDD) em ativos imobiliários.
Estabelecem princípios, terminologia, responsabilidades e boas práticas que asseguram qualidade, transparência e comparabilidade entre relatórios técnicos — aspetos essenciais num mercado globalizado.
Em Portugal, estas metodologias são cada vez mais aplicadas por consultoras técnicas independentes, fundos de investimento e peritos que atuam em aquisições e avaliações de edifícios. A ImoVeritas adapta estas normas ao contexto português, conjugando-as com o quadro legal nacional — o RGEU, o Regulamento de Segurança Contra Incêndios (DL 220/2008), o Regulamento de Eficiência Energética (DL 101-D/2020) e o Regime Jurídico da Urbanização e Edificação (RJUE).
Como é definida a metodologia de uma due diligence técnica segundo a RICS e a SCSI?
Segundo as guias Building Surveys & Technical Due Diligence of Commercial Property (RICS, 2020) e SCSI TDD Guidance Note (2023), a metodologia divide-se em cinco fases estruturais:
1️⃣ Planeamento e definição de escopo (Scope of Service);
2️⃣ Recolha documental e análise preliminar;
3️⃣ Inspeção técnica ao imóvel;
4️⃣ Avaliação de riscos e priorização de ações;
5️⃣ Relatório e comunicação de resultados.
Cada uma deve seguir critérios de consistência, rastreabilidade e imparcialidade.
Como se define o escopo de serviço (“Scope of Service”)?
A RICS exige que o escopo seja formalizado por escrito, identificando:
Objetivos do cliente (compra, financiamento, arrendamento, fusão, reabilitação);
Limites da inspeção (áreas acessíveis, exclusões, restrições de tempo e equipamentos);
Profissionais envolvidos e responsabilidades;
Formato e prazo do relatório.
Em Portugal, esta fase é essencial para alinhar expectativas entre o cliente e a equipa técnica — evitando mal-entendidos sobre o nível de profundidade da análise (por exemplo, inspeção visual vs. ensaios destrutivos).
Como deve ser feita a recolha e validação de informação?
As boas práticas RICS e SCSI determinam que o técnico deve solicitar e analisar toda a documentação relevante: projetos de arquitetura e especialidades, licenças, certificados energéticos, relatórios de inspeções anteriores, registos de manutenção, atas de condomínio, garantias e seguros.
A análise documental é a base para compreender o contexto do edifício e planear a inspeção.
No caso português, cruzamos ainda estes elementos com as plataformas públicas (Balcão do Empreendedor, SNIG, Caderneta Predial, Certidão de Registo Predial), garantindo conformidade urbanística e propriedade validada.
Como é conduzida a inspeção técnica segundo a RICS/SCSI?
A inspeção deve ser realizada por profissionais competentes, com registo de observações fotográficas e notas de campo.As normas definem quatro níveis de observação:
Observação geral (walk-through) – análise visual não invasiva;
Observação detalhada – inspeção próxima de componentes críticos;
Ensaios pontuais – medições instrumentais (humidade, termografia, detecção elétrica, etc.);
Consulta a terceiros – pedidos de pareceres especializados (estrutural, geotécnico, ambiental).
A visita deve abranger todas as zonas acessíveis: coberturas, fachadas, caves, zonas técnicas, áreas comuns e frações representativas. No caso de imóveis em uso, é essencial minimizar perturbações e respeitar normas de segurança.
Como é feita a avaliação de riscos e a priorização de ações?
RICS e SCSI recomendam o uso de matrizes de risco baseadas em dois eixos: probabilidade e impacto.Cada anomalia ou desconformidade recebe uma classificação de risco (baixo, médio, alto, crítico).
Além disso, é atribuída uma prioridade temporal:
Imediata (curto prazo) – risco para segurança, legalidade ou operação;
Médio prazo (1-3 anos) – risco funcional ou estético relevante;
Longo prazo (> 3 anos) – manutenção preventiva e eficiência.
Estas matrizes convertem observações técnicas em informação estratégica para negociação e planeamento financeiro.
Quais são as características de um relatório conforme a RICS e SCSI?
Um relatório técnico deve incluir:
Sumário executivo – principais riscos, conclusões e recomendações;
Descrição do imóvel e escopo;
Metodologia aplicada e limitações;
Achados técnicos por sistema (estrutura, fachadas, coberturas, interiores, instalações, segurança);
Matriz de risco e “red flags”;
Estimativa de custos Capex/Opex;
Conclusões e recomendações hierarquizadas.
Os relatórios da ImoVeritas seguem este formato, acrescidos de referência às normas nacionais e observações fotográficas georreferenciadas.
Como comunicar os resultados ao cliente?
A RICS valoriza a clareza. O relatório deve ser inteligível para não técnicos e permitir decisões rápidas.Na prática, fornecemos:
Sumário executivo visual, com gráficos de risco e prioridades;
Tabelas de custos indicativos, associadas a prazos e riscos;
Reunião de esclarecimento, garantindo que o cliente compreende cada recomendação.
A transparência é parte da ética profissional prevista no RICS Global Standards (Red Book) — um princípio que também norteia a atuação da ImoVeritas.
Conclusão
Adotar as normas RICS e SCSI é mais do que cumprir uma metodologia internacional — é garantir credibilidade, rigor e comparabilidade.
Quando adaptadas ao contexto português e combinadas com legislação local, estas práticas elevam a qualidade dos relatórios e reforçam a confiança entre comprador, investidor e entidade financiadora.
Na ImoVeritas, cada due diligence técnica segue estes padrões, assegurando que cada decisão é sustentada em evidência, transparência e conhecimento técnico sólido.
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