Como interpretar um relatório de Due Diligence Técnica?
- GESTURBE

- 7 de nov.
- 3 min de leitura
Porque é fundamental saber interpretar um relatório de due diligence técnica?
Um relatório técnico é mais do que um conjunto de observações — é um documento estratégico que permite compreender o verdadeiro estado do imóvel e fundamentar decisões de compra, investimento ou reabilitação.
Saber interpretá-lo é transformar dados técnicos em informação prática e em poder de negociação.
Como está estruturado um relatório técnico?
Na ImoVeritas seguimos a estrutura recomendada pela RICS/SCSI:
Sumário executivo – síntese dos riscos críticos e das conclusões principais;
Descrição do imóvel e do escopo da análise;
Metodologia aplicada e limitações;
Resultados por área técnica – estruturas, coberturas, fachadas, interiores, instalações, segurança, eficiência energética;
Matriz de risco – classificação das anomalias por gravidade e urgência;
Estimativa de custos – investimentos (Capex) e custos operacionais (Opex);
Conclusões e recomendações – ações corretivas, preventivas e de valorização.
Cada secção deve ser lida de forma integrada — o relatório não se resume às fotografias, mas à análise das implicações técnicas e financeiras de cada achado.
Como identificar as “red flags”?
As red flags são sinais de alerta destacados no relatório. Representam problemas críticos que podem comprometer a segurança, a legalidade ou o valor do imóvel.
Exemplos comuns:
Fissuras estruturais com indícios de movimento ativo;
Infiltrações em coberturas planas ou varandas;
Falta de licença de utilização ou divergência entre projeto e construído;
Sistemas elétricos obsoletos sem conformidade com o RGIE;
Ausência de plano de manutenção ou incumprimento de SCIE.
Estas situações exigem intervenção imediata e podem justificar renegociação do preço ou a inclusão de cláusulas de correção pré-aquisição.
Como compreender a matriz de risco?
A matriz cruza dois fatores: probabilidade de falha e impacto (em segurança, funcionalidade, custo ou imagem).Cada anomalia é classificada em quatro níveis:
Crítico → risco elevado e impacto imediato;
Alto → risco relevante a curto prazo;
Médio → risco controlável com manutenção;
Baixo → risco reduzido ou apenas estético.
Esta matriz ajuda a estabelecer prioridades e a planear intervenções com racionalidade financeira.
Como interpretar a estimativa de custos?
Os custos são apresentados em duas categorias:
Capex (Capital Expenditure) → investimentos necessários para reparar ou substituir componentes;
Opex (Operational Expenditure) → custos de manutenção e operação recorrente.
As estimativas têm caráter indicativo e destinam-se a orientar o comprador na negociação.Por exemplo, se a reabilitação das fachadas for estimada em 45 000 €, o comprador pode negociar desconto equivalente ou exigir execução prévia das obras.
Como usar o relatório para negociar?
O relatório técnico é uma poderosa ferramenta de negociação:
Na compra, permite ajustar o preço às condições reais do imóvel;
Na venda, demonstra transparência e aumenta credibilidade;
No financiamento, dá ao banco confiança sobre o ativo;
Na gestão patrimonial, serve de base para planos de manutenção plurianuais.
Negociar com base em dados técnicos reduz subjetividade e evita litígios futuros.
Como ler as recomendações e prioridades?
Cada recomendação é acompanhada de um horizonte temporal:
Imediata (0-6 meses) – riscos graves ou incumprimentos legais;
Curto prazo (1-2 anos) – obras necessárias para manter desempenho funcional;
Médio prazo (3-5 anos) – intervenções preventivas;
Longo prazo (> 5 anos) – medidas de valorização ou eficiência.
Com esta informação, o comprador pode planear o investimento e o retorno, evitando surpresas financeiras.
Como garantir que o relatório é fiável?
Verifique se o relatório cumpre os seguintes critérios:
É assinado por técnicos qualificados e independentes;
Apresenta metodologia e limitações explícitas;
Contém evidências fotográficas;
Baseia-se em normas reconhecidas (RICS, SCSI, ASTM, ISO);
Fornece conclusões objetivas e não publicitárias.
Na ImoVeritas, cada relatório passa por revisão técnica interna e é entregue com glossário de termos e anexo fotográfico georreferenciado.
Conclusão
Interpretar um relatório de due diligence técnica é compreender o passado, o presente e o futuro do imóvel.
É perceber o que está em conformidade, o que precisa de intervenção e quanto custará corrigir.
Mais do que um documento técnico, é um mapa de riscos e oportunidades.
Na ImoVeritas, transformamos a linguagem da engenharia numa ferramenta de decisão acessível, rigorosa e transparente, porque só quem entende o que compra pode investir com segurança.
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